Maratona de Buenos Aires: O grande dia

Ainda não sei o que aconteceu. Até então estava tranquilo, todo o estresse pré-prova tinha acabado no dia da viagem. Andei muito por lá, conheci lugares lindos...
Mas acordei às 3:30 da manhã com muita tontura, enjoo, totalmente sem equilibrio. Tomei o remédio que tinha levado caso acontecesse isso. tentei dormir um pouco mais mas não teve jeito. Tomei o café da manhã (Gatorade, bolo e duas fatias de pão).
Saímos às 6 da manhã rumo a concentração. O clima estava um pouco frio, mas eu estava tremendo! Provavelmente ansiedade.
No dia da retirada do kit estava tão atrapalhado com comprovante de pagamento, ficha médica, etc, que acabei pegando as pulseiras de pace para 3:30-4min/Km achando que esse era o tempo pra finalizar a prova.
Bom, já que tá, que vá, como diz o ditado. Ficamos por ali mesmo.
Pouco antes da largada tocaram o hino (da Argentina?)...a galera cantando em coro...me emocionei, não tive como conter as lágrimas.
Faltando oito segundos pra largada, contagem regressiva em coro....largamos!
Empurra daqui, empurra dali, na hora de soltar o cronômetro acabei travando ele de novo. Percebi depois de ter corrido um pouco já. Um, dois minutos talvez. Mas aí já não tinha mais como saber qual era o pace. Fui levando no meu ritmo, tentando segurar. No caminho encontrei uma moça mais a frente que volta e meia olhava para o relógio/gps e que estava mais ou menos no mesmo ritmo que eu. Pensei: Nossos ritmos estão próximos...Vou usar como pacer.
Acredito que estava quase um minuto ou pouco mais abaixo do ritmo previsto. Não senti que estava forçando. respiração tranquila.
Mas chegou na altura do Km 16 comecei a sentir os joelhos. Diminuí mais o ritmo pra tentar segurar até o final. Passei o Km 21 dentro do esperado, 01h48min.
Dali em diante a coisa só foi piorando. A partir do Km 26 não deu mais pra manter. Tive que alternar entre caminhada, trote, parada completa para alongar um pouco, puxar mais por alguns metros, caminha de novo e ir levando assim até mais ou menos o Km 36. Ainda fazia os cálculos levando em consideração os minutos que tinha ganho no começo e o tempo que estava atualmente ainda daria pra fechar dentro do esperado. Se eu conseguisse puxar os últimos 10 Km teria uma chance.
Mas não deu. Foram os piores 10 Km da minha vida. Pior até do que quando fiz minha primeira corrida de 10Km. A dor era insuportável, a vontade de parar e sentar à beira do caminho era enorme. E o pior de tudo faltando ainda uns 4 ou 5Km o pace de 5:45min/Km me passou. Se conseguisse acompanhar ainda conseguiria chegar dentro do planejado. Consegui acompanhar por no máximo 1Km creio eu. A dor era muito forte. Tive que parar um pouco, caminhar novamente tentar trotar. A barreira das 3h50 já havia passado, todo o planejado já era. Chorei muito! Não sei se de dor, de raiva, decepção, emoção ou tudo isso misturado.
Faltando alguns metros para a chegada visualizei o relógio marcando 04:05:16. Agora era questão de honra chegar antes de 04:05:30. Juntei o resto de forças que tinha pra superar a dor e comecei a puxar o ritmo. Passei um, outro e consegui cruzar a linha de chegada abaixo do esperado.
A volta pro hotel foi outra aventura. Pernas travadas, doloridas e ainda ter que andar um monte pra conseguir um taxi.
Completei a minha primeira Maratona! Acabado, dolorido, arrastado, mas completei!
Que venham as próximas!

A pergunta que ficará. SE eu tivesse andado menos nos dias que antecederam a prova PODERIA ter ido melhor? Não sei. Talvez sim, talvez não. Mas não me arrependo de toda essa aventura, de cada passo dado. Se não o fizesse ficaria muito chateado por ter ido até lá e não ter conhecido cada pedaço da cidade.

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